Monday, November 27, 2006

The Bride


of Field



1000
O livro-catálogo A Noiva do Campo Mil, edição de autor de 500 exemplares, tem um ensaio do escritor e poeta Miguel de Castro Henriques e tradução do escritor e investigador pessoano Richard Zenith. O design é de Inês Sena, as fotografias de José Manuel Costa Alves (como aliás todas as referentes às minhas obras apresentadas neste blog), a impressão foi feita na GUIDE.

Encontra-se à venda na Galeria Diferença, que acolheu a exposição, na Galeria Gomes Alves, em Guimarães, e ainda na Buchholz, Livraria da Biblioteca Nacional, e Espiral. Se quiser um pode solicitá-lo através deste blog.
Pretendi testar a espontaneidade do fazer, não pensei que queria desenhar esta ou outra figura, limitei-me a encontrá-la;
Queria escrever sem texto, inventar um novo alfabeto, por isso as formas nasciam fechadas à maneira de ideogramas, sendo-lhes posteriomente acrescentados pormenores que os identificavam e esclareciam. Lentamente fui-me apercebendo de que inventava uma galeria de personagens novos, seres sincréticos, compactados, hibrídos, cada um, como diria Tabucchi, uma constelação de seres.
O mais difícil seria encontrar a disponibilidade para sonhar acordada, uma vez alcançado esse estado de "maravilhosidade", as imagens fluem com abundância e a mão parece desenhar sozinha, a sensação é de grande felicidade mas basta qualquer ruído para a quebrar.
Não quis que os desenhos contassem histórias, nem fossem uma paródia ou sátira do real, procurei conectar-me com o meu imaginário e a maneira que tenho de olhar o mundo, procurando ir à essência, atenta ao Belo e ao que existe mas não se vê na Natureza e nas pessoas. A aparecerem histórias elas são do domínio do inconsciente, não sei nem quero saber o que dizem, limito-me a escolher as que mais me atraem.


Não gosto que as obras apareçam identificadas por "Sem Título" ou com uma designação descritiva, por isso inventei para cada uma espécie de haiku à ocidental.
Este trabalho é pois uma investigação de essências quase sempre invisíveis mas determinantes, nessa medida é um trabalho poético e encantatório.
Existe um optimismo de base, nestes desenhos que a meu ver, numa análise posterior à sua realização, consiste em não reduzir um personagem a uma só forma, todos são múltiplos, não estão limitados a uma só natureza, a um molde, são por essência metamorfose, logo vitais.

SN
Lisboa, Março 2005